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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Um novo EU

Ser mãe é algo muito complexo.
Começa uma rotina totalmente nova e você não se sente mais a mesma pessoa de antes, mas de fato você não é mais.
Aceitar que aquela pessoa que você era antes do nascimento do seu filho não existe mais, não é uma tarefa muito fácil, sepultar, enterrar e apenas ter lembranças de quem você era, conseguir conciliar que seus pensamentos, ideias e novos conceitos, com tudo o que viveu anteriormente, é bem mais dificil do que pensei.
Confesso que ainda sofro com certas mudanças, não tenho mais paciencia para os papos dos "novos adultos", aqueles que têm tamanho, bebem cerveja, mas continuam com a cabeça de adolecentes e ideias de dominar o mundo.
Sofro bastante com outro fato (que talvez seja o que mais mexe comigo), de que antes eu era eu e ponto, após o nascimento do meu filho, muitas, até mesmo incontáveis pessoas, começaram a me tratar apenas como "mãe do Theo". Isso mesmo, assassinaram a minha identidade e qualquer relevancia que eu poderia ter, para me tratar como mãe dele e nada mais. O que me conforta e me fortalece é o fato de ter apoio do pai do meu filho, que é a pessoa mais importante da vida minha e alguns - muito poucos - amigos. Mas esse fato me faz pensar e repensar, será que com todo mundo é assim? Toda mulher que se torna mãe, não pode sair pra conversar, sem que alguém lhe pergunte: mas e o bebê, como tá sendo cuidar dele?
O machismo sutil que está dentro da sociedade que vem sussurrando "Ah, ela é mãe agora! Ah, vamos sair mano, ela fica com o bebê de boas". Enfim, se manter forte sem ligar para que todas as pessoas que te cercavam ignoram sua personalidade e arquivaram a sua figura à uma figura materna e nada mais, é bem dificil, mas a cada dia excluo quem não me interessa mais, afinal de contas, quem interessa está por perto (e nunca saiu).
É muito complicado e complexo o fato de que sempre trabalhei e estudei, tinha meu dinheiro e minha certa independencia, e falar que tudo isso se vai quando meu filho sorri é muito poético, a realidade é quase isso, mas quando penso dói bastante, porque a figura da pessoa que eu era antes, vai se tornando cada vez mais morta e preciso enterra-lá de vez, repito, esse processo não é nada fácil.
Você aprende a conviver com um novo eu, uma pessoa que pensa diferente a cada dia, percebo que meu coração hoje sofre pelos problemas do mundo, por todo e qualquer tipo de preconceito e toda violência que nos cerca. Aprender a conviver com esse novo eu, junto com um novo corpo, que demorou nove meses para mudar e agora demora muito mais pra voltar quase ao seu normal, é muita coisa junta, quem não entrar ou não entrou em parafuso com tudo isso, por favor, me explica como?!
Agora, deixando todas as loucuras que a maternidade proporciona, vamos para o lado poético da coisa.
É verdade, quando seu filho acorda e sorri pra você, seu coração se enche de uma alegria sem explicação. E quando ele dá a primeira gargalhada? Nossa, isso é algo que não tem comparação, dá vontade de rir e chorar ao mesmo tempo.
Ver ele sorrindo quando o pai chega em casa é outro momento que faço questão de deixar gravado na minha memória, alias, faço questão de gravar cada pedaçinho do corpo dele, cada movimento que ele faz, porque sei que um dia vou precisar lembrar para matar a saudade, afinal, ele é um passarinho e eu preciso cuidar para saber que posso deixar ele voar para o mundo.
Deixo tudo o que já vivi guardado na memória e dou espaço para uma nova vida, continuo errando e aprendendo todos os dias, mas o que aprendi dar mais valor foi que o amor está nos pequenos atos, num copo d'água que me trazem quando tenho sede, um sorriso ao me verem ou um beijo de boa noite.
E assim, segue a vida de nova mãe, com muitas dúvidas na cabeça, mas com a certeza de que a cada dia posso me tornar melhor.

Tá aí o motivo da minha loucura!
Agradeço imensamente à minha família e especialmente meu marido que é tudo pra mim (ounnn <3)


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Hoje decidi escrever sobre momentos felizes.
Felicidade.
Decidi não escrever, decidi colocar uma foto.


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Até logo

Tem hora que as horas empacam, tem hora que as horas passam.
Os dias não são mais os mesmos.
Observo-me de dentro.
É como se estivesse procurando, revirando, remexendo e tentando encontrar algum problema, aqui dentro não é organizado, e também não é fácil.
Vejo a vida alheia, de gente que não me interessa e pouco me importa, que desgosto, só enxergo máscaras e fingimentos, todos buscam uma aparência vazia.
Alma, acho que é essa parte de mim que anda em contradição.
Não gosto de São Paulo, acho que acabei espremendo toda coisa boa que tinha por aqui, suguei até a última gota e vi que a alma que gostava daqui, hoje em dia mudou-se sem deixar o endereço.
A minha vasta cabeçinha tem o poder de me atirar para baixo e faz com que me sinta assim, tal São Paulo, cinza, sem graça e conteúdo maquiado.
Tenho dois sorrisos todos os dias, isso me basta.
O que preciso são quilômetros e mais quilômetros daqui.
Preciso dos dois sorrisos para poder esquecer de mim.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Theo Story

Tudo anda passando rápido. Muito mais rápido do que eu imaginava.
Se em algum momento a dúvida tomou conta de mim, hoje posso dizer com todas as letras, que ter um filho é a coisa mais gratificante do mundo.
Quase 50 dias atrás eu estava esperando e contando as horas de ir ao hospital, alias, hospital no qual eu só trago lembranças ruins, a única recordação boa foi ver o rosto e ouvir o choro do Theo pela primeira vez.
Meus dias não são mais formados por começo, meio e fim. É tudo uma loucura!
Sempre quando finalmente fecho os olhos, ouço um chorinho, onde tenho que novamente me levantar.
Não fui mais ao cinema, não consigo me arrumar, os banhos são cada vez mais curtos, aprendi a pisar nas pontas dos pés e zelar pelo silencio.
Tenho ciúmes e comecei a enxergar que todas as pessoas dão opinião na vida alheia e algumas delas sabem de tudo, tem certeza de tudo, só não sabem que você somente não quer opinião.
Ao anoitecer sinto como se tivesse que recolher meus pedaços pela casa, é muito dificil, quem disser que é fácil só pode estar mentindo.
No meio de tudo isso, você ganha de brinde um corpo novo, uma mente em fase de adaptação, hormonios loucos voltando ao seu lugar, cansaço de sobra e um amor que não cabe no peito.
Então só me resta dizer: vale a pena!